quarta-feira, 24 de agosto de 2016

[Ciberpajé Recomenda] Lampião na Terra dos Santos Valentes (álbum de quadrinhos, Editoras K-ótica & Sol, 2016)

Essa obra reúne 3 dos nomes mais importantes do quadrinho potiguar da atualidade, o roteirista Marcos Guerra, o desenhista Marcos Garcia e o arte-finalista Carlos Alberto. A narrativa parte de um fato insólito que tornou-se folclórico no Rio Grande do Norte, o cerco do bandoleiro Lampião e de seus cangaceiros à cidade de Mossoró e a resistência de um grupo de homens que conseguiram espantar o mítico mercenário da caatinga e tornaram-se heróis dentre as histórias lendárias sobre o cangaceiro mor. O trabalho tem belo projeto gráfico e inclui 3 textos curtos de apresentação que destacam a importância do fato histórico que tornou-se lenda e seu resgate no álbum. Ao final temos ainda um glossário de termos regionais utilizados e algumas fotos históricas do fato. Mas o que surpreende mesmo pela força visual e qualidade narrativa é a quadrinhização brilhante dos 3 artistas envolvidos no projeto. O roteiro de guerra, poetiza e ficcionaliza o acontecimento livremente e não se rende a clichês, aposta também na construção vívida de alguns personagens que dão força épica e verossimilhança à trama. Os desenhos de Marcos Garcia e Carlos Alberto, que também assina a arte final, são impactantes e demonstram refinada pesquisa visual de elementos da indumentária, arquitetura e vegetação do agreste representado na narrativa. A quadrinhização é ousada, com quadros de página inteira e até de página dupla em meio à narrativa, com um trabalho de grande maestria no uso do "chiaroscuro" para criar atmosferas visuais de muita força. Os desenhos mixam influências da HQ europeia com o fase áurea da HQ brasileira de horror de mestres como Mozart Couto, Flávio Colin, Jayme Cortez, Rodval Mathias, e Elmano Silva, resultando em algo com identidade própria. A obra pode ser encomendada diretamente com a loja e editora K-ótica: https://www.facebook.com/koticaweb/ . Um álbum que merece ser lido e relido por suas sutilezas narrativas e por sua qualidade artística. O Ciberpajé recomenda!

(Na foto o Ciberpajé com a obra em destaque)

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